Encontro é grito de resistência por uma educação pública, gratuita e de qualidade
Se você acha que a Ditadura é
passado, é porque ainda não conheceu o projeto de lei que tramita na Câmara dos
Deputados com o tema “escola sem partido” e os grupos que o defendem.
O texto de um dos simpatizantes
do PL diz mais ou menos assim: “Você pode estar sendo vítima de doutrinação
ideológica quando...”. A partir daí, são elencados diversos “exemplos de
doutrinação”, como o professor ou professora se “desviarem” da matéria objeto
da disciplina para abordar assuntos relacionados ao noticiário político ou
internacional; a adoção de livros e publicações de autorias identificadas com
determinada corrente ideológica; exibição a alunos e alunas de obras de arte
com conteúdo político-ideológico etc.
Não bastasse o descaso histórico
de governantes com a educação, agora querem fazer patrulha ideológica (ou
amordaçar, como na Ditadura) em escolas e universidades brasileiras.
“A educação brasileira nunca foi
pauta prioritária na história do Brasil. Os atrasos na alfabetização e no
acesso ao nível superior, bem como a precarização crescente em todos os níveis
de educação, sustentam esta afirmação”, argumenta coordenadora da Comissão de
Formação do CFESS, Erlênia Sobral.
Nesta semana, o CFESS e diversas
outras organizações nacionais que defendem a educação pública, como o Sindicato
Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), organizam
e participam em Brasília (DF), nos próximos dias 16, 17 e 18 de junho, do 2º Encontro
Nacional de Educação (ENE). O evento ocorre na Universidade de Brasília (UnB) e
tem como mote “Por um projeto classista e democrático de educação”.
Várias temáticas serão abordadas
no Encontro, inclusive a concepção de educação livre, plural e que permite o
exercício da reflexão crítica da vida social, em contraposição, por exemplo, à
proposta antidemocrática e demagógica da chamada “escola sem partido”.
O evento espera receber cerca de
3 mil pessoas, inclusive assistentes sociais, para debater financiamento;
trabalho e formação de professores e professoras; acesso e permanência nas
escolas e universidades; gênero, sexualidade, orientação sexual e questões
étnico-raciais; gestão; e avaliação.
“É funcional a direção política
adotada por governos elitistas para a educação, dado que as ausências nas
políticas ampliam as carências no campo cultural e educacional, aprofundando a
reprodução da dualidade classista em todas as áreas. Somos o 8º país em número
de analfabetos adultos segundo o Relatório da Unesco de 2014”, explica Erlênia.
Assistentes sociais participam
direta ou indiretamente em diversos espaços na área da educação, seja no
planejamento ou gestão da política, seja na docência, seja no atendimento a
estudantes dos mais variados níveis, entre outros. Por isso, devem acompanhar e
participar dos debates.
Educação: mercadoria para uns,
resistência para outros
“Para o nicho mercadológico, a
educação é um dos setores mais rentáveis, a partir do descaso e ausência
proposital do Estado. Além da falta de investimento nas instituições públicas,
o setor privado ainda se beneficia de atuar em um mercado estimulado pelo
governo em programas de financiamento, sem falar da facilidade de abertura de
cursos na modalidade a distância em todo o país”, alerta a conselheira do
CFESS.
Ao mesmo tempo, ela destaca a
resistência da juventude, que tem ocupado as escolas públicas em diversas
cidades, se contrapondo à lógica de que “educação é mercadoria”. “Quem teve a
oportunidade de visitar estas ocupações destaca a qualidade do debate que tem
pautado questões específicas da estrutura das escolas, mas também críticas
sistêmicas, formação política, debates dos direitos sociais e humano, etc. O
documentário de Carlos Prozato traz depoimentos emocionantes desta juventude”,
ressalta.
CFESS Manifesta
Para o 2º ENE, o CFESS elaborou
um manifesto no qual reafirma o posicionamento da profissão em defesa de uma
educação pública, gratuita, laica e de qualidade.
“O Serviço Social brasileiro se
consolida em seus 80 anos como uma profissão combativa, que construiu um
projeto profissional identificado com um projeto societário, e que traz como
desafio cotidiano de seu fazer profissional o tensionamento em favor dos
direitos dos/as trabalhadores/as”, diz trecho do documento.
Ainda de acordo com o texto,
estar presente ao 2º Encontro Nacional de Educação, junto com lutadores e
lutadoras de todo o Brasil, “reforça nossa identidade com e como classe
trabalhadora. Nossas entidades trazem consigo a clareza de que a manutenção
desta direção política passa necessariamente por estarmos articulados/as para
além das questões corporativas, e fomentando a unidade de classe com os setores
que demarcam o campo classista”, afirma o CFESS Manifesta, elaborado pelo GT
Trabalho e Formação, que conta com a participação da Executiva Nacional de
Estudantes de Serviço Social (Enesso) e da Associação Brasileira de Ensino e
Pesquisa em Serviço Social (Abepss).
As três entidades promoverão um
painel, em forma de roda de conversa, sobre a precarização da formação e da
avaliação no ensino superior brasileiro.
Participe!
2º Encontro Nacional de Educação
Quando: dias 16, 17 e 18 de junho de 2016
Local: Universidade de Brasília (UnB), campus Darcy Ribeiro, em Brasília (DF)
Informações: https://ene2016.org/
Quando: dias 16, 17 e 18 de junho de 2016
Local: Universidade de Brasília (UnB), campus Darcy Ribeiro, em Brasília (DF)
Informações: https://ene2016.org/
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