A importância da pastoral da criança junto às famílias em situação de vulnerabilidade social: Uma análise da realidade da comunidade de são marcos - Icuí-Guajará – Ananindeua/PA¹




A importância da pastoral da criança junto às famílias em situação de vulnerabilidade social: Uma análise da realidade da comunidade de são marcos - Icuí-Guajará – Ananindeua/PA¹


Ana Paula Machado Leão²
Augusto Gabriel de Souza Gonçalves2
  Ediane do Socorro Martins2
Olímpia Colares Nobre2
Yldson Augusto Macias Serrão³


RESUMO
O presente artigo tem como objetivo conhecer e analisar as ações da Pastoral da Criança desenvolvidas na comunidade de São Marcos, situada no bairro do Icuí-Guajará, município de Ananindeua, Estado do Pará, que atende famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social. Na primeira parte apresentamos um breve histórico da Pastoral da Criança, seu papel, como se organiza, sua missão e seus objetivos diante das comunidades excluídas e marginalizadas pela sociedade atual. Na segunda descrevemos como se dá ações da pastoral da criança na comunidade de São Marcos do bairro do Icuí-Guajará, seguida de uma abordagem sobre a importância do vínculo familiar, das políticas setoriais do terceiro setor, fazendo um paralelo com a legislação. Por fim, as ações desenvolvidas pela Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos do bairro do Icuí-Guajará são analisadas a partir dos resultados e de estudos realizados na pesquisa de campo, com entrevistas feitas com as mães atendidas pela referida Pastoral da Criança, buscando conhecer a realidade das famílias, levando em conta as considerações recolhidas da literatura sobre políticas setoriais e Terceiro Setor.


Palavras-chaves: Pastoral da Criança; Comunidade; Família; vulnerabilidade Social;
Terceiro Setor.

  


The importance of Pastoral da Criança to families in situation of social vulnerability: An analysis of the reality of the community of São Marcos - Icuí-Guajará – Ananindeua/ PA¹
  
ABSTRACT

This article aims to know and analyze the actions of the Pastoral da Criança developed in the community of São Marcos, located in the district of Icuí-Guajará, municipality of Ananindeua, State of Pará, which serves families living in situations of social vulnerability. In the first part we present a brief history of the Pastoral of the Child, its role, how it is organized, its mission and its objectives in front of the communities excluded and marginalized by the current society. In the second section, we describe how actions are taken in the pastoral care of children in the community of São Marcos in the Icuí-Guajará neighborhood, followed by an approach on the importance of family ties and sectoral policies in the third sector, in parallel with legislation. Finally, the actions developed by the Pastoral da Criança of the community of São Marcos in the neighborhood of Icuí-Guajará are analyzed based on the results and studies carried out in the field research, with interviews with mothers assisted by the aforementioned Pastoral da Criança, seeking to know the reality of families, taking into account the considerations gathered from the literature on sectorial policies and the Third Sector.


Key words: Pastoral of the Child; Community; Family; Social Vulnerability Third Sector.


1   INTRODUÇÃO
A base de todo o trabalho da Pastoral da Criança é alicerçada na organização da comunidade e na formação de líderes comunitárias voluntárias, ou seja, a dinâmica consiste no treinamento de líderes comunitárias que vivem na sua própria comunidade, assumindo a tarefa de orientar e acompanhar as famílias vizinhas: para que elas se tornem protagonistas de sua própria transformação pessoal e social (PASTORAL DA CRIANÇA, 2012).
 São práticas educativas simples, fáceis de serem aplicadas, transmitidas e, ao mesmo tempo, de baixo custo. Ações básicas de saúde, nutrição e educação, envolvendo especialmente vigilância nutricional entre outros cuidados, para buscar o desenvolvimento integral das crianças, tanto no plano físico e material quanto espiritual. Isso é sintetizado no lema da Pastoral da Criança, ou seja, quer garantir que todas tenham vida (sobrevivência infantil) e a tenha em abundância (desenvolvimento integral e melhoria de vida), de suma importância. (BORGES, CONTRERAS, TWARDOWSKY, 2013).
O trabalho da Pastoral da Criança é preventivo e eficaz, reduzindo a mortalidade infantil através de ações básicas desenvolvidas nas comunidades, atendendo e acompanhando crianças no ambiente familiar e comunitário. Se todas as comunidades carentes tivessem acesso a esse trabalho, não só as crianças e as mortes seriam reduzidas drasticamente como também a violência e a marginalidade. Entretanto, não se pode deixar de ressaltar que a distribuição justa de rendas, a educação e a saúde são condições fundamentais para haver justiça e paz no País (PASTORAL DA CRIANÇA, 2012).
Nesse sentido, o envolvimento comunitário, de grupos que se ajudam e que ajudam o próximo, ou seja, um apoio social e mútuo poder fortalecer a confiança pessoal e assim a satisfação com a vida, e enfrentar os problemas que tanto os afligem. Essas práticas de organização comunitária encontraram nas Ações da Pastoral da Criança possibilidades de transformação social. O conhecimento do mundo é também feito através das práticas do mundo; e é através dessas práticas que inventamos uma educação familiar às classes populares (FREIRE; NOGUEIRA, 2005, p.19).
A partir desse contexto é que se justifica a pesquisa. O objeto de estudo é o atendimento das famílias da Pastoral da Criança. A problemática que orienta a pesquisa sintetiza-se na questão: como as ações da Pastoral da Criança influenciam para a permanência dessas famílias na comunidade de São Marcos em Ananindeua? 
Objetiva-se refletir sobre as Ações desenvolvidas pela Pastoral da Criança na comunidade que atende famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social. Para tanto se tem como objetivos específicos buscarmos respostas para identificar as famílias que frequentam a pastoral da Criança, buscar conhecer e compreender a realidade dessas famílias na comunidade.
O presente trabalho constitui-se de uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa. Para Marcone e Lakatos (2001, p. 43) a pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir as verdades parciais.
Assim a composição deste artigo se dá da seguinte forma: na primeira apresentamos um breve histórico da Pastoral da Criança, como ela se organiza, seu papel e seus objetivos diante das comunidades excluídas e marginalizadas pela sociedade atual. Em seguida, descrevemos como se dá ações da pastoral da criança na comunidade de São Marcos, abordagem sobre a importância do vínculo familiar, das políticas setoriais do terceiro setor, fazendo um paralelo com a legislação. Por fim, enfatizamos o desenvolvimento e a metodologia do trabalho da Pastoral na comunidade São Marcos, abrangendo uma caracterização dos sujeitos envolvidos e da comunidade, os procedimentos relativos à coleta de dados, entrevistas e histórias de vida.
Dessa etapa resultaram informações, demonstrando determinados aspectos, como perfil socioeconômico, escolaridade e grau de satisfação das famílias atendidas.
A preocupação com a autoestima das famílias atendidas e o diálogo entre as líderes voluntárias e as mães são notórios. Para o Papa Francisco apenas os que dialogam podem construir pontes de vínculos. O bom acolhimento, no cuidado e zelo pelas crianças, e outras atividades realizadas − serviços que deveriam ser dos órgãos públicos − são realizados pela Pastoral da Criança que desempenha um papel importante nessa parceria com ações voltadas ao resgate de crianças e famílias, com propósitos de humanização, autonomia, à recuperação desses sujeitos e o auxílio para que estes se libertem de suas realidades, transformem sua comunidade e resgatem a sua própria identidade.

2 ASPECTOS HISTÓRICOS

2.1 - A TRAJETÓRIA DA PASTORAL DA CRIANÇA NO BRASIL

A Pastoral da Criança é um Organismo de Ação Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) institucionalizada conforme decreto nº 05/2006 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A Pastoral da Criança está vinculada à Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, que surgiu com a ideia da Igreja Católica a assumir seu papel na luta contra a mortalidade infantil e a pobreza. Apontada como uma das mais importantes organizações de todo o mundo a trabalhar em saúde, nutrição e educação da criança do ventre materno até os seis anos de vida da criança, envolvendo necessariamente famílias e comunidade.
A semente foi lançada em maio de 1982, por Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal Arcebispo de São Paulo, e Mr. James Grant, então secretário Executivo do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para Infância e Adolescência), numa reunião sobre a paz mundial, da ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra, durante um debate sobre os problemas da pobreza e a paz no Mundo. No ano seguinte, a CNBB confiava à tarefa de criação e desenvolvimento da Pastoral da Criança a Dom Geraldo Magella Agnelo, na época Arcebispo de Londrina (PR), e à médica pediatra e sanitarista Dra. Zilda Arns Neumann, que relata:
Essa história começou em 1982, numa reunião sobre a paz mundial, da ONU em Genebra. Quando então o secretário executivo do UNICEF, James Grant, convenceu meu irmão, Dom Paulo Evaristo Arns, na época cardeal de São Paulo, de que a Igreja poderia ajudar a salvar a vida de muitas crianças, que morriam de doenças de fácil prevenção, como a desidratação causada pela diarreia. De volta ao Brasil, Dom Paulo, me perguntou se eu aceitaria desenvolver um projeto deste nível. Essa ideia veio ao encontro do que eu pretendia. Como diretora durante treze anos de Postos de Saúde e Clube de Mães, na região metropolitana de Curitiba, sempre reparava que os mais pobres só vinham consultar o médico quando a criança já corria risco de vida. Quando trabalhava como médica no Hospital de Crianças, em Curitiba, atendendo todos os dias crianças pobres, escutava as mães falarem que gostavam de consultar comigo porque aprendiam a cuidar melhor de seus filhos. Como médica pediatra e sanitarista, sentia falta de um trabalho de educação nas comunidades, junto às famílias, especialmente, às mães. (PASTORAL DA CRINANÇA, 2015).
Em setembro de 1983, a Pastoral da Criança iniciava suas atividades com projeto piloto na paróquia de São João Batista, município de Florestópolis, de Londrina, no Estado do, que apresentava uma alta taxa de mortalidade infantil: 127 óbitos por mil nascidos vivos. O município, a cem quilômetros de Londrina, tinha cerca de quinze mil habitantes. A maioria das famílias era de boias-frias, que ora trabalhavam nos canaviais, ora nas colheitas de café ou algodão e ora não tinham serviço. Após um ano de atividades pela Pastoral da Criança, desenvolvendo uma metodologia própria, fez este índice cair para 28 mortes para cada mil crianças nascidas vivas. A base de todo o trabalho da Pastoral da Criança é centrada na família e na comunidade.
A dinâmica consiste em capacitar líderes comunitários, que residem na própria comunidade. Segundo Neumann (1998, p. 12) ao imaginar uma ação da Igreja para a redução da mortalidade infantil, acreditava que o trabalho deveria ser realizado junto às famílias na comunidade.

Escolhemos 20 pessoas de confiança e realmente comprometidas a ajudar as famílias. No outro dia, fiz uma reunião com elas, discutindo o plano de redução da mortalidade infantil. Todas se entusiasmaram e disseram que a proposta poderia ser exposta, após a missa dominical. Dom Geraldo foi presidir a celebração. Após a comunhão, ele solicitou que eu expusesse o plano a todos. Primeiro fiz uma pequena análise das causas que levavam à morte as crianças de Florestópolis; depois expus a missão dos líderes comunitários. Após a explanação, pedimos que levantassem a mão os que achavam o plano adequado para Florestópolis e a assembleia toda aprovou. (PASTORAL DA CRIANÇA, 2015).

Atualmente, presente em todo o Brasil, a Pastoral da Criança criou metodologia própria e move-se pela mística de fé e vida, tendo como centro a criança dentro do contexto familiar e comunitário. As ações da Pastoral da Criança são conduzidas na ideia de que a solução para os problemas sociais está na solidariedade com o mais oprimido, seus trabalhos são previamente definidos, para que o agente social consiga transformar a realidade da comunidade e atingir os objetivos que são traçados dentro das comunidades mais pobres e com altos índices de vulnerabilidade.
De acordo com os dados de abrangência da Pastoral da Criança no Brasil, a Pastoral da Criança marca presença em 20 países - Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor Leste, Argentina, Paraguai, Honduras, México, Venezuela, Bolívia, Uruguai, Peru, Panamá, República Dominicana, Colômbia, Guatemala, Filipinas, Guiné e Haiti. No Brasil a Pastoral da Criança desenvolve seus trabalhos em todos os Estados, presente em 4.000 mil municípios, fundada em 6.000 paróquias do país, com 238.275 líderes voluntários, atuantes em 41.176 comunidades, que fazem o acompanhamento mensalmente de 1.256.079 famílias, 1.598.804 crianças e 84.617 Gestantes. (PASTORAL DA CRIANÇA, 2013).

2.2 - A ORGANIZAÇÃO DA PASTORAL DA CRIANÇA
De acordo como O Guia do Líder da Pastoral da Criança (2017), a estrutura organizacional da Pastoral da Criança se configura em vários níveis de Coordenação, baseada na estrutura da Igreja Católica, formada por dioceses, paróquias e comunidade: Coordenação Comunitária, exercida por uma das líderes da comunidade. Coordenação de Ramo (Paróquia), responsável por diversas comunidades de uma mesma paróquia. Em paróquias grandes, pode haver dois ou mais ramos. Coordenação de Setor (diocese), responsável por diversos ramos. Em grandes dioceses, poderá haver um ou mais setores. Coordenação Estadual, responsável por diversos setores da Pastoral da Criança. Coordenação Nacional, criada para dar apoio ao trabalho da Pastoral da Criança em todo o país.
A Pastoral da Criança alicerça sua atuação na organização da comunidade e na capacitação de líderes voluntários que ali vivem e assumem a tarefa de orientar e acompanhar as famílias vizinhas em ações básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania tendo como objetivo o desenvolvimento integral das crianças, promovendo, em função delas, também suas famílias e comunidades, sem distinção de raça, cor, profissão, nacionalidade, sexo, credo religioso ou político (Artigo 2º do Estatuto). Do ponto de vista de uma organização a Pastoral da Criança tem uma visão e uma missão, assim como valores e crenças nessa ação social que são:
Visão – Trabalhar por um mundo sem mortes materno-infantis evitáveis e onde todas as crianças, mesmo as mais vulneráveis, viverão num ambiente favorável ao seu desenvolvimento. (Cf. Isaías, capítulo 65, a partir do versículo 16).

Missão – Para que todas as crianças tenham vida em abundância. (Cf. Jo. 10, 10).

A Missão da Pastoral da Criança é promover o desenvolvimento infantil, à luz do evangelho, reforçando a opção pelos pobres, desde o ventre materno até os 6 anos de idade, contribuindo para que famílias e comunidades realizem sua própria transformação, por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na mística cristã que une fé e vida, contribuindo para que as famílias e comunidade realizem sua própria transformação.

3 A PASTORAL DA CRIANÇA NA COMUNIDADE SÃO MARCOS – ICUÍ GUAJARÁ

A Pastoral da Criança pode ser compreendida como uma organização comunitária, de atuação nacional, e tem seu trabalho baseado na solidariedade humana e na partilha do saber. Seu objetivo é o desenvolvimento integral das crianças, da concepção até os seis anos de idade, em seu contexto familiar e comunitário, a partir de ações preventivas que fortalecem o tecido social e a integração entre as famílias e a comunidade. Presente nas periferias, nos bolsões de miséria e nas comunidades carentes na capital e nos municípios. No Estado do Pará, a Pastoral da Criança teve início nas dioceses de Abaetetuba, Bragança, Prelazia de Cametá e Arquidiocese de Belém em 1985, Paróquia de Santo Antônio de Lisboa.
Em entrevista concedida pela Senhora Maria de Fatima Monteiro, ex-líder comunitária e “fundadora” da Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos, do bairro do Icuí-Guajará, com objetivo de buscar dados para a pesquisa, no dia 26/10/2017 ela afirmou que o trabalho teve início no ano de 2000, após uma reunião com as comunidades pertencentes à Paróquia de São Vicente de Paulo do bairro do PAAR, também no município de Ananindeua, quando a comunidade de São Marcos ainda pertencia a referida paróquia. A reunião contou com a presença de aproximadamente 16 pessoas da comunidade.
Atualmente a comunidade de São Marcos pertence à Paróquia Santo Inácio de Loyola do bairro do Icuí-Guajará, ambas localizadas territorialmente no mesmo bairro. O bairro do Icui-Guajará situado no município de Ananindeua, segundo dados do IBGE (2010), possui uma área de 190,503m², sendo o segundo mais populoso do Pará, com uma população de 471.980 habitantes. Esse território se caracteriza por estar experimentado um franco processo de urbanização, com a implantação de equipamentos sociais, asfaltamento de vias principais, e ocupação regular do solo, porém preservando ainda muitas habitações irregulares, resultado de uma ocupação desenfreada, principalmente por invasões; se caracteriza por ser um território com grande índice de violência e com poucas áreas de lazer.
Na entrevista, a Sra. Maria de Fatima relata ainda que, por falta de espaço físico adequado, no início, as reuniões e a realização do Dia da Celebração da Vida, ocorriam em sua residência, com a evolução do trabalho sentiram a necessidade da criação de um espaço na comunidade. Localizada no Loteamento Samambaia I, uma ocupação de terras irregular onde se originou a comunidade católica de São Marcos, que além da capela tem uma estrutura física composta de copa/cozinha, banheiros, salas e um galpão. 
  O grupo de voluntárias que compõem a Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos - Icuí-Guajará é composta por oito agentes comunitários, com seis líderes voluntárias e dois agentes de apoio, responsáveis pelo acompanhamento as 53 famílias e 69 crianças atendidas pela referida Pastoral da Criança.
         
3.1 - AS AÇÕES DESENVOLVIDAS PELA PASTORAL DA CRIANÇA DA COMUNIDADE DE SÃO MARCOS - ICUÍ-GUAJARÁ

A Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará usa a metodologia criada pela Pastoral da Criança, conforme descrita no Guia do Líder da Pastoral da Criança. O livro é referência para todos os trabalhos desenvolvidos através da Pastoral da Criança, nele, são encontradas informações e orientações para serem seguidos pelos líderes voluntários. A metodologia no Guia do Líder conta com três momentos de troca de informações que ajudam no fortalecimento da solidariedade: as visitas domiciliares mensais, realizadas pelos líderes a cada família acompanhada; Dia do Peso, também conhecido como Dia de Celebração da Vida, que é o momento que cada comunidade se reúne com os líderes para realizar a pesagem das crianças; e o momento das reuniões, que são realizadas com todos os líderes da mesma comunidade para refletir e avaliar o trabalho desenvolvido no mês anterior (CNBB, 2001).
As ações básicas desenvolvidas pela Pastoral da Criança funcionam como engrenagem. O conjunto de ações está voltado à sobrevivência infantil, ao desenvolvimento integral da criança e à melhoria da qualidade de vida das famílias carentes, procurando gerar igualdade de oportunidades, justiça e paz.
  A primeira ação da Pastoral da Criança na comunidade foi a Capacitação das líderes. O Guia do Líder da Pastoral da Criança é à base dessa capacitação e o principal instrumento de trabalho delas. Anualmente, participam de oficinas de aperfeiçoamento nas ações básicas descritas no guia, oficinas de Aperfeiçoamento para as líderes comunitárias.

3.1.1 - Visita Domiciliar

A visita domiciliar está pautada em dois objetivos: o primeiro tem como função básica identificar o perfil da família; o segundo, orientar as ações previstas e outras necessárias ao trabalho desenvolvido pela líder comunitária, que tem como instrumentos básicos o Guia do Líder e o Caderno do Líder, para a realização de seu trabalho junto às famílias da comunidade.

A Visita Domiciliar é o contato mais próximo entre o líder da Pastoral da Criança e as famílias que ele acompanha. Nas visitas, o líder tem a possibilidade de conhecer melhor a família e partilhar conhecimentos e experiências sobre nutrição, higiene, cidadania, gestação, prevenção de doenças e acidentes, educação infantil, entre outros. É nessa ocasião que o líder analisa, junto com a família, o que pode ser melhorado no cuidado com as crianças, na gestação ou no convívio familiar (PASTORAL DA CRIANÇA, 2015).

Durante a visita domiciliar, a líder comunitária escuta o que a família quer falar ou saber, o respeito pelas famílias atendidas é fundamental. Na visita a líder solicita a caderneta de vacinas da criança e verifica se as vacinas estão em completas de acordo com a idade da criança, e faz as anotações no Caderno do Líder. É nesse momento que a líder identifica as mulheres que estão grávidas, a partir daí desenvolver ações de apoio integral para a gestante, oferecendo orientações sobre nutrição destacando a importância do aleitamento materno. A líder “combina” com a família o melhor horário para a visita. Ao término, a líder convida a família para participar do Dia de Celebração da Vida. Na comunidade de São Marcos do bairro do Icui-Guajará é realizada no último sábado de cada mês. 


3.1.2 - Dia da Celebração da Vida

O Dia da Celebração da Vida é considerado como um dia especial entre as ações, portanto é destacado no calendário da Pastoral da Criança por ter os seguintes objetivos: aferir o ganho de peso das crianças acompanhadas pela líder, celebrar as conquistas, partilhar os ensinamentos bíblicos e festejar datas comemorativas. É uma atividade muito importante que o líder realiza na Pastoral da Criança. Nesse dia, que acontece uma vez por mês, as famílias se reúnem para celebrarem a vida e se ajudarem quando estão em dificuldades.

É importante incentivar as famílias a participarem do Dia da Celebração da Vida, pois nesse dia gestantes, pais e familiares podem encontrar apoio, se sentir fortalecidos e ficar ainda mais empenhados nos cuidados e educação de suas crianças, desde a gravidez, para que possam construir ou manter um ambiente que favoreça a vida de todos. (PASTORAL DA CRIANÇA, 2017).

A Celebração da Vida é também conhecida como o “Dia do Peso” e tem na Páscoa o seu ápice, pois para Igreja, a Páscoa é o símbolo da vida. Foi a partir daí que surgiu a ideia de associar este dia com o Dia do Peso. Pois nele celebra-se a vida que triunfa sobre a morte, também sobre a mortalidade infantil e a desnutrição, formas comuns de morte na classe mais baixa da população.
    Para a Pastoral da Criança esse é um dia de confraternização entre as famílias e a comunidade, é preparado com muito carinho pelas líderes, a coordenadora comunitária e com a ajuda de outras voluntárias da comunidade. De forma organizada as tarefas divididas, umas se encarregam de preparar o lanche, outras de preparar a espiritualidade do dia e outras de brincar com as crianças. As demais líderes se dedicam ao preparo da balança para pesagem das crianças e anotação do peso no caderno do Líder e no Cartão da Criança.

3.1.3 - Prática da Reunião para Reflexão e Avaliação (RRA)

Os líderes avaliam o trabalho realizado e também conversam, aprendem mais e celebram. Nessas reuniões, o procedimento envolve uma metodologia própria, assim descrita:

Ver, Julgar, Agir, Avaliar e Celebrar. Nesse encontro eles observam a realidade das famílias que acompanham, julgam as causas e consequências de determinada situação, unem esforços e avaliam quais alternativas podem ajudar a família ou a comunidade. (PASTORAL DA CRIANÇA, 2007, p. 9).

A Reunião para Reflexão e Avaliação (RRA) é realizada uma vez ao mês, os líderes e o coordenador comunitário reúnem-se com o objetivo de refletir e avaliar o trabalho realizado no mês anterior e também reforçar a soma de esforços para superar as dificuldades. Essa reunião acontece sempre antes do dia 10 de cada mês para discutirem as anotações e os resultados do mês anterior e preparar o próximo dia de celebração da vida que acontece sempre no último sábado de cada mês. Durante a reunião, os indicadores de acompanhamento das crianças e gestantes são passados para a FABS - Folha de Acompanhamento e Avaliação Mensal das Ações Básicas de Saúde e Educação na Comunidade.
É o líder da Pastoral da Criança que vai até a família, conhece a realidade de cada uma e trabalha voluntariamente para modificá-la. Cerca de 90% dos líderes da Pastoral da Criança são mulheres de classes populares, donas de casa ou com trabalho que não lhe ocupa muito do tempo, segundo as entrevistadas a opinião foi unanime de que a Pastoral da Criança requer tempo, tanto para visitas quanto para capacitações e encontros, e assim se não puderem desenvolver o trabalho corretamente, não devem se comprometer com essa responsabilidade.

4  A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO FAMILIAR PARA PASTORAL DA CRIANÇA

Em todas as comunidades atendidas pela Pastoral da Criança é colocado em prática um conjunto de ações básicas de saúde, nutrição, educação e ações de cidadania, desenvolvidas para garantir a sobrevivência infantil e o desenvolvimento integral da criança, com melhoria da qualidade de vida das famílias carentes. Dessa forma, procura-se garantir que todas as crianças tenham vida. Os familiares das crianças acompanhadas, principalmente as mães, são ensinadas a valorizar e a trabalhar com vigilância nutricional.
  O bem-estar da criança relaciona-se diretamente à situação em que se encontram os seus familiares. Se for um contexto de carência, refletirá diretamente no modo de vida dos sujeitos. A recomendação é que o líder da Pastoral da Criança oriente aos pais como cuidar de sua família, oportunizando refletir sobre os problemas e conjuntamente procurar caminhos para resoluções.
A Constituição Brasileira de 1988 define no Art. 226, parágrafo 4, que a entidade familiar “a comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes”. Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu Art. 25, definiu como “família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes”. A alteração feita pela Lei 12.010/09, em seu artigo 2º, acrescenta ao artigo 25º do ECA, um parágrafo único que define: “Entende-se por família extensa ou ampliada, aquela se se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade”.
 Para FERRAZ JR (1973) estas definições colocam a ênfase na existência de vínculos de filiação legal, de origem natural ou adotiva, independentemente do tipo de arranjo familiar onde esta relação de parentalidade e filiação estiverem inseridas. Em outras palavras, não importa se a família é do tipo “nuclear”, “monoparental”, “reconstituída” ou outras.
De acordo com o Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária define:

Um grupo de pessoas com laços de consanguinidade, de aliança, de afinidade, de afetividade ou solidariedade, cujos vínculos circunscrevem obrigações reciprocas, organizadas em tono de relações de geração e de gênero. Arranjos familiares diversos devem ser respeitados e reconhecidos como potencialmente capazes de realizar funções diversas de proteção e de socialização de suas crianças e adolescentes (PNCFC, 2006: 69).

Kliksberg ressalta: a instituição familiar foi uma das redescobertas dos fins do milênio. Ele destaca que: Inúmeras pesquisas recentes revelam que, junto com suas decisivas funções espirituais e afetivas, a família é um pilar do desenvolvimento. Não existe nenhuma organização, pública ou privada, que preste os serviços sociais básicos com a eficácia de uma família bem articulada. O que a família faz pelas crianças em educação precoce, hábitos de saúde preventiva e, desde cedo, em códigos morais, é quase insubstituível (KLIKSBERG, 2003, p.169-170).
Entretanto a família, nesse sentido, tem maior facilidade de participar da construção do ambiente em que seu filho será criado, pois toda criança tem direito a um ambiente saudável para o seu desenvolvimento pleno, que implicará como elemento favorável à sua socialização e a sua condição de cidadão inserido numa comunidade.

5  A PASTORAL DA CRIANÇA E SUA RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS SETORIAIS

 A Pastoral da Criança de São Marcos - Icui-Guajará, através das ações desenvolvidas na comunidade, ensina e orienta as famílias pobres a lidarem com as condições de extrema pobreza por meio do uso de elementos que estruturam modalidades de ação que oportunizam maneiras de escape, de sobrevivência para a criança pobre. Diante das condições de limite e na ausência de oportunidades, ocorre um incentivo para a promoção de táticas de resistência, quando se orienta a família pobre a lidar com os limites, o alternativo, o essencial, a probabilidade e destacando o papel do Estado nessa situação, e suas políticas sociais.
Cabe ressaltar que a concepção de política social que o ECA (1990) traz é a de um instrumento de desenvolvimento social para crianças e adolescentes e de proteção integral a população infanto-juvenil em situação de risco. Frota (2003) destaca as linhas de ação da política de atendimento firmadas pelo ECA, em “Políticas sociais básicas; políticas e programas de assistência social”.
Um ponto relevante da Pastoral da Criança, é que suas ações influenciam sobre os sistemas de bem-estar social e suas políticas sociais, desde o seu surgimento, possibilitou que o problema da mortalidade infantil fosse tratado de outra maneira, visto que sua ação “aparece aos outros como denúncia” dos problemas sociais, além de ser de caráter educativo, isto é, esclarece aos beneficiados sobre os seus direitos individuais.
De acordo com O Guia do Líder (2007): Pastoral da Criança promove uma convivência de respeito à dignidade das pessoas, à valorização das diferenças entre elas, à solidariedade, à responsabilidade com suas obrigações e com o meio ambiente. Procura também denunciar a injustiça e a falta de condições dignas de vida para todos.
 O Estado é outra categoria explicativa fundamental, sem a qual não se poderiam abordar as políticas sociais como resposta à questão social, no que diz respeito às crianças em vulnerabilidade social que necessitam de proteção por se encontrarem em situação de vulnerabilidade. A Educação para Tavares (2007, p. 488): [...] é o caminho para qualquer mudança social que se deseje realizar dentro de um processo democrático.

A educação em direitos humanos, por sua vez, é o que possibilita sensibilizar e conscientizar as pessoas para a importância do respeito ao ser humano, apresentando-se na atualidade, como uma ferramenta fundamental na construção da formação cidadã, assim como na afirmação de tais direitos. (TAVARES, 2007, p.488).

A Educação é um direito de todo o ser humano como condição necessária para usufruir de outros direitos constituídos numa sociedade democrática. Desde 1988, após a promulgação da Constituição Federal todos têm direito à educação e o Estado o dever de cumpri-lo.
Políticas sociais como confirma, Behring e Boschetti (2006) “o conjunto de medidas e instituições que têm por objeto o bem-estar e os direitos desses serviços sociais” (LAURELL, 1995, p. 153) ou um Estado “que tem como uma de suas principais funções a redução das incertezas sociais mediante políticas públicas” (PEREIRA, 2002, p. 65). Assim, as políticas econômicas e as políticas sociais, como estão vinculadas com a acumulação capitalista, consistem em respostas às necessidades sociais.
A Constituição do Brasil (1988), instituiu o Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional.
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - O amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV -a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
A proteção que deve ser garantida a essas famílias em situação de risco abrange além de seu acesso a serviços de apoio e sobrevivência, a sua inclusão em redes sociais ou sócio assistenciais de atendimento e de solidariedade, voltadas para o cuidado e para a valorização da convivência familiar e comunitária, ou seja, cabe ao Estado suprir tal necessidade e fazer valer seus direitos.
A política de Assistência Social (BRASIL, 2004) “prevê programas, projetos, serviços e benefícios de atenção às famílias e aos indivíduos”. Nesse sentido, a formulação da política de Assistência Social, pautada nas necessidades das famílias e de seus membros, privilegia a centralidade da família em ações que devem reforçar e ou restabelecer os vínculos familiares e comunitários. Assim, busca-se fortalecer a autonomia e a capacidade de a família em poder prevenir e proteger os seus membros, garantindo, assim, o seu desenvolvimento integral e seus direitos garantidos em lei.   
Cabe ressaltar a necessidade da população e a importância das redes sociais para articular o melhor atendimento e uma visão mais abrangente. Conforme afirma Baptista (2000):

O atendimento em rede é um conjunto articulado e dinâmico de várias instituições com interesses comuns que se complementam através de vínculos horizontais e interdependentes “interconectando agentes, serviços, produtos e os diversos tipos de organizações” (BAPTISTA, p. 58 2000).

As redes podem ser espontâneas, de serviços sócio comunitários, setoriais públicas e setoriais privadas, ou, ainda, sociais. A primeira rede inclui a família, a vizinhança, a comunidade, entre outras, e é tecida de vínculos informais e espontâneos baseados em relações de reciprocidade. Também é chamada de rede social primária; a segunda rede se caracteriza por instituições filantrópicas e comunitárias assistenciais, de caráter mutualista, que presta serviços como creches, abrigos entre outros. As redes sociais públicas e privadas se diferem quanto ao espaço em que estão localizadas.
A rede setorial pública é a prestação dos serviços no âmbito das políticas públicos tidos como direitos e as setoriais privadas são as redes que seguem a lógica do mercado, portanto, prestam serviços mediante pagamento. Essas redes são conhecidas como redes secundárias. De acordo com Baptista (2000), a rede social que se movimenta é aquela que têm um caráter de denúncia, de vigilância, de luta por melhores condições de vida e de afirmação de direitos, fortalecendo as demais redes.

6 TERCEIRO SETOR
 
O Terceiro setor é um termo cunhado nos Estados Unidos, em 1978, por John Rockefeller III para designar o espaço onde atuam as organizações da sociedade civil, como igrejas, hospitais, museus, bibliotecas, universidades e organizações de assistência social de diversos tipos (MONTANO, 2002).
O fortalecimento do Terceiro Setor implica, por sua vez, na construção de respostas a quatro grandes desafios que estão hoje colocados à expansão e qualificação de suas atividades: produzir e disseminar informações sobre o que é e o que faz o Terceiro Setor; melhorar a qualidade e eficiência da gestão das organizações e programas sociais; aumentar a base de recursos e a sustentabilidade das organizações da sociedade civil de caráter público; criar condições para o aumento da participação voluntária dos cidadãos.
Ruth Cardoso (1997) ressalta que:

(...) o Terceiro Setor descreve um espaço de participação e experimentação de novos modos de pensar e agir sobre a realidade social. Sua afirmação tem como grande mérito de romper a dicotomia entre público e privado, na qual público era sinônimo de estatal e privado de empresarial. Estamos vendo o surgimento de uma esfera pública não estatal e de iniciativas privadas com sentido público. Isso enrique e complexifica a dinâmica social.

Um ponto a ser considerado são as ações desenvolvidas pela Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos - Icuí-Guajará, que visam a transformação nas famílias, possuem princípios e metodologias participativas, confiança, cooperação, solidariedade, pertencimento comunitário.
Rattner (1999) destaca este entendimento:

Cooperação, compaixão e solidariedade são valores vitais para a sobrevivência e qualidade de vida. Participação consciente e ativa nas decisões sobre sua própria vida e a vida coletiva dá significado ao empenho humano. (RATTNER, 1999: pp 233-240).

As organizações do Terceiro Setor emergem na década de noventa como uma promessa de salvação, com a promessa de tornarem-se responsáveis por nos tirar do cenário de desigualdades, criminalidade, preconceito, miséria, fome, injustiça, renovar o espaço público, resgatar a solidariedade a cidadania para as relações e humanizar as relações entre empresas, governos e população.
         Como colocado por Falconer (1999):

Na década de noventa o Terceiro Setor surge como o portador de uma nova e grande promessa: a renovação do espaço público, o resgate da solidariedade e da cidadania, a humanização do capitalismo e, na medida do possível, a superação da pobreza. Uma promessa realizada através de atos simples e formulas antiga, como o voluntariado e filantropia.

Dentro do alvo do Terceiro Setor, participam associações, fundações, cooperativas, instituições e empresas sem fins lucrativos, organizações não governamentais (ONGs), entidades de assistência social, educação, saúde, esporte, meio ambiente, cultura, entre outras organizações que mantenham o objetivo de combater a pobreza, a violência, o analfabetismo, o racismo, a destruição ambiental, e desde que não configure o lucro de capital.      
Para tanto, as ações desenvolvidas pela Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos - Icuí-Guajará se encaixa nessa realidade do Terceiro Setor com responsabilidade social, comportamento ético e a transparência ao tratar todas as questões que envolvem e que influenciam direta ou indiretamente a comunidade, a sociedade em geral.
         Para Vakil (1997): As atividades desempenhadas pelas organizações do Terceiro Setor incluem as seguintes orientações, ressalvando-se que uma mesma organização pode atuar em apenas um destes nichos ou cumular ações em vários deles, quais sejam:

Bem-estar: provisão de serviços básicos a grupos específicos; Desenvolvimento: apoiar as comunidades, capacitando-as de tal modo que elas possam prover suas próprias necessidades básicas (desenvolvimento sustentado, construção de capacidades); Proteção, defesa, campanhas: Educação para o desenvolvimento; Pesquisa: desenvolvimento de pesquisas participativas; Ação em redes. (VAKIL, 1997).

7 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

Na entrevista realizada com a líder voluntária e atual coordenadora da Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos, senhora Maria de Fátima Xavier da Silveira, conhecida como “Marizeth”, ela descreve seu trabalho comunitário assim: “Me sinto muito feliz foi um chamado de Deus, gosto muito de trabalhar com as famílias, já trabalho na Pastoral há doze anos e eu amo esse trabalho”. O Amor pelo próximo é falando do elemento que rege as ações da Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará, que discorremos para a construção deste texto. Paulo Freire deixou como legado a sua preocupação com o social e como resgatar o cidadão de sua alienação para exercer de verdade sua cidadania e sua dignidade. Ele coloca o amor como marca principal para a libertação do cidadão.

O amor é fundamento, diálogo, comprometimento com o mundo e a humanidade: Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo [...] é ato de coragem, nunca de medo, o amor é compromisso com os homens [...]. O ato de amor é comprometer-se com a causa. A causa da libertação. Mas, este compromisso, porque é amoroso, é dialógico. (FREIRE, 1987, p. 45).
           
Por meio desse amor o educador poderá repensar e aprender a “reacreditar” sempre que a Educação, em toda modalidade pode, e muito, ajudar na transformação de uma sociedade melhor.
Iniciados os primeiros contatos com a comunidade, buscou-se conhecer a realidade local, nas entrevistas com as famílias atendidas pela Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará foi possível constatar que o trabalho desenvolvido, na comunidade, transformou-se em uma rede entre todas as pessoas que estão envolvidas nele: líderes, famílias, coordenadores, capacitadores. Todos juntos formam uma rede comunitária de apoio, solidariedade e amor ao próximo.
Faleiros e Faleiros (2001, p. 26) acrescentam à ideia de rede a responsabilidade compartilhada das parcerias em que “se cruzam como numa rede, organizações do estado e da sociedade” com uma divisão do poder entre os atores é a articulação de todos os envolvidos para realizar determinado objetivo, respeitando a vontade coletiva.
As oito líderes, que adeririam ao trabalho voluntário, são mulheres que aceitaram a missão de levar vida e esperança a todos, priorizando as mães e as crianças necessitadas e atendidas pela comunidade de São Marcos - Icuí-Guajará. A missão da Pastoral da Criança conforme o Guia do Líder, é uma missão também evangelizadora e pastoral, assumida a partir da fé, realizada com amor, coragem, alegria e determinação, que contribui para que famílias e comunidades transformem seus ambientes.
É este pensamento de Freire (1987), sobre o sentimento de amor ao próximo, o desejo de um mundo melhor e o diálogo que se fazem presentes em todas às ações da Pastoral da Criança, que são alicerçadas em princípios, respeito, solidariedade e transformação social das famílias atendidas.
As pessoas que levam as crianças para serem atendidas pela Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos - Icuí-Guajará são representantes do sexo feminino, ou seja, são mulheres – mães e tias. Boff (2002) destaca que as mulheres estão mais ligadas a pessoas que objetos. Mesmo quando têm a ver com os objetos, facilmente os transformam em símbolos, e os atos em ritos. Isto porque as mulheres são mais centradas na teia de relações pessoais, entregues ao cuidado da vida, sensíveis ao universo símbolo e espiritual, capazes de empatia e comunhão com o diferente.
A maioria das mães da Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos - Icuí-Guajará apresentam-se na faixa etária de 36 anos, considerando, que apesar da juventude demonstram atenção e um cuidado especial com a saúde de seus filhos. Observou-se que a grande maioria cria seus filhos com a colaboração de um companheiro, o que potencializa os ganhos afetivos e psicológicos bem como garante a presença de um gestor. Segundo Petrini (2003, p. 63) sabe-se, também que a criança desenvolve de modo equilibrado o próprio “eu” da relação com um pai e uma mãe. A maioria das mulheres atendidas pela Pastoral da Criança vive em seu estado civil numa relação de união estável.
Diante disso, constata-se que o novo cenário tem remetido, inclusive, à discussão do que seja hoje a família. Petrini (2003) considera que um grupo de pessoas é reconhecido como família quando se configura como uma relação de plena reciprocidade entre os sexos e gerações. Trata-se de um recíproco pertencer, na maioria das vezes não simétrica, constituída por processos de vinculação desenvolvidos em contextos didáticos. Pode-se dizer que se está diante de uma família quando se encontra um conjunto de pessoas que se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade.
As famílias atendidas pela Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos - Icuí-Guajará moram na localidade há mais de vinte e cinco anos, vale ressaltar que a referida Pastoral da Criança foi fundada na comunidade a partir do ano de 2000. Segundo Castels (2000) os vínculos sócios familiares asseguram ao indivíduo a segurança de pertencimento social. Este fato sugere a discussão sobre o sentimento de pertença, o qual é conceituado por Martins e Santos por entenderem que a existência humana é fato espacial (“quem existe, existe em algum lugar”, disse Aristóteles) e, neste sentido o espaço é parte integrante da identidade de uma pessoa, portanto indissociável da cultural e da história:
 “O sentimento de pertença (pertencimento) ao lugar é assim fundamental à consciência individual e coletiva, isto é, à percepção mais ampla do ambiente em que se vive e à identidade de interesses entre o indivíduo e a coletividade”. (MARTINS e SANTOS, 2005, p.2).

Fernandes (1973, p. 154) assinala que: Comunidade é um grupo territorial de indivíduos com relações recíprocas, que se revestem de meios comuns para lograr fins comuns.
A Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará se encaixa exatamente nisso, promove uma convivência de respeito à dignidade das pessoas, à valorização das diferenças entre elas, à solidariedade à responsabilidade com suas obrigações e com o meio ambiente. Procura também denunciar a injustiça e a falta de condições dignas de vida para todos.
Definir a faixa etária de 0 a 06 anos para o atendimento das crianças no trabalho realizado pela Pastoral da Criança é fundamental, pois é na primeira infância que podemos resguardar todo o processo do desenvolvimento bio-psico-social, bem como realizar a prevenção das possíveis deficiências sinalizadas nesse processo.
Como ressalta Kliksberg (2003), a pobreza continua significando a desnutrição para vastos setores da população. Os estudos da UNICEF demonstram que, se uma criança apresenta deficiências nutricionais durante os primeiros anos de vida, ela sofre danos irreversíveis nas suas capacidades neurônicas que dificultarão sua vida para sempre. (KLIKSBERG, 2003, p.102).                    
As mães consideram que sua participação na Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará é boa, nos relatos justificam que fazem amizades, têm atenção de todos, recebem respeito e carinho, ajuda no desenvolvimento próprio e dos filhos com relação ao peso e altura, recebem além de informações sobre direitos, alimentação, palavra de Deus, remédios caseiros, orientações e conselhos enfim, várias formas de ajuda no que se refere aos cuidados com as crianças, oportunidade de aprender, associação acolhedora, fonte de conhecimento, ajuda nas consultas médicas tanto para as mães como para os filhos, é tipo uma segunda casa. 

A presença das mães na Pastoral da Criança da comunidade São Marcos – Icuí-Guajará ampliou o seu próprio sentido de participação dentro da comunidade, pois a participação da comunidade está sendo hoje revista como poderoso instrumento para o desenvolvimento, desconsiderando visões depreciativas a esse respeito (KLIKSBERG 2003 p. 177).
  No relato de uma das mães entrevistadas:

A Pastoral na minha vida ajudou muito, eu tive depressão depois do parto e não tinha vontade de fazer nada nem cuidar da minha filha, não cuidava da casa não tinha vontade de tomar banho aí veio o pessoal da Pastoral e cuidou de mim da minha filha me levou no postinho com a médica. Arrumou roupas para minha filha, conversou bastante comigo meu marido e hoje sei que minha filha tá bem, eu tô bem, sou outra graças a Deus e a Pastoral.

Para a realização desta pesquisa foi adotada a investigação qualitativa, envolvendo as famílias em vulnerabilidade social atendida na comunidade São Marcos – Icuí-Guajará. A pesquisa qualitativa, em consonância com Martinelli (1994), permite ao pesquisador conhecer as políticas sociais engendradas nas entidades vem como a forma como estão postas socialmente para o alcance de suas finalidades.
 Para a elaboração do trabalho também se fez necessário realizar um estudo bibliográfico, que de acordo com Deslandes (1994), Podemos dizer que a pesquisa bibliográfica coloca frente a frente os desejos do pesquisador e os autores envolvidos em seus horizontes de interesse, bem como a pesquisa de campo para melhor fundamentar o objeto, que com base em Minayo (1992):

Concebemos campo de pesquisa como um recorte que o pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação. A título de exemplo, podemos citar, entre outros o seguinte recorte: o estudo da percepção das condições de vida dos moradores de um determinado bairro ou favela (...).

 A literatura utilizada sobre a Pastoral da Criança foi obtida pelo Guia do Líder da Pastoral: para países de língua portuguesa (2017) e pelas informações disponibilizadas no site da Pastoral da Criança.
Na comunidade, por não haver registros escritos sobre o trabalho realizado, apenas anotações das líderes e as fichas cadastrais (individuais) dos atendidos, o que demonstra não haver uma prática do registrar, ou seja, não há um livro de memórias sobre o caminhar da Pastoral da Criança nessa comunidade. Com isso, o registro oral, nas entrevistas apresentou-se como uma ferramenta decisiva para esta pesquisa, nas quais os sujeitos tiveram direito a voz para falarem e darem suas opiniões sobre essa rica experiência da Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará. Acerca do método de coleta junto ao grupo da comunidade, Oliveira (2008) aponta que:

O contato com o campo deve ser direto, tendo uma longa duração para que se possa melhor entender a vida do grupo pesquisado. Durante esse tempo, o estudioso pode utilizar algumas técnicas para obter um quadro mais completo do ambiente analisado. A abordagem etnográfica permite a combinação de técnicas como, por exemplo: a observação, a entrevista, a história de vida, análise de documentos, vídeos, fotos, testes psicológicos, dentre outros (...).

O trabalho de observação em campo realizado na Pastoral da Criança da Comunidade de São Marcos - Icuí-Guajará, área onde se tem um considerado número de crianças atendidas, aproximadamente 69 crianças, marcadas pelas desigualdades sociais, onde a luta pela sobrevivência e a busca por melhores condições de vida e trabalho são mais presentes. Com as entrevistas e relatos dos participantes da Pastoral da Criança, mediante os quais fomos costurando os saberes e vivências dessa comunidade e sua vulnerabilidade social, cujo conceituo tem base em Ximenes (2015):

Vulnerabilidade social é um conceito multidimensional que se refere à condição de indivíduos ou grupos em situação de fragilidade, que os tornam expostos a riscos e a níveis significativos de desagregação social. Relaciona-se ao resultado de qualquer processo acentuado de exclusão, discriminação ou enfraquecimento de indivíduos ou grupos, provocado por fatores, tais como pobreza, crises econômicas, nível educacional deficiente, localização geográfica precária e baixos níveis de capital social, humano, ou cultural, dentre outros, que gera fragilidade dos atores no meio social.

Outro recurso que muito contribuiu para a realização do estudo foi conhecer o histórico de atuação local da Igreja Católica, que tem como foco, além de pregar o evangelho, ajudar os pobres visando à construção de uma sociedade mais justa, humana e emancipadora levando a transformação desse sujeito. É essa a prática adotada pela Pastoral da Criança, cujos procedimentos dão sentido à afirmação de Freire (2005):

Um educador disposto a quebrar os grilhões dessa concepção bancária deve ser companheiro do educando, no sentido de buscar a liberdade necessária. A libertação autêntica, que é a humanização em processo, não é uma coisa que se deposita nos homens. Não é uma palavra a mais, oca, mitificante. É práxis, que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo.

Todo processo de educação baseado no diálogo e na afetividade entre os sujeitos (líderes e famílias atendidas na Pastoral da Criança), revela igualdade de conhecimentos, entre ambos e isso coopera para a formação do ser humano e sua transformação social. Para Freire (2006, p. 90), o diálogo é condição humana, dialogar é humanizar-se, é existenciar-se. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo baseou-se no estímulo, na participação, na solidariedade, na cooperação, na confiança, na amizade, no voluntariado e na construção de hábitos que ajudaram a valorizar as ações básicas de saúde e nutrição, consideradas como objetivos traçados as ações desenvolvidas pela Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará.
A presença da Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará gerou nas famílias, principalmente nas mães, segurança na forma de lidar com os problemas em relação aos filhos e a outras situações, pois elas recorriam às líderes no sentido de pedirem ajuda ou sugestões de como agir, pois, sentiam-se apoiadas e orientadas diante das dúvidas e dos problemas.
Quanto às ações desenvolvidas pela mesma verificou-se, a partir dos depoimentos, que foi ampliado o sentimento de confiança das famílias em si mesmo e em seu trabalho, principalmente nos cuidados com a saúde dos filhos e de toda a família.
Um dado comprovado neste estudo foi à influência positiva das famílias a partir dos sentimentos de pertença, afetividade e a importância da autoestima apresentadas em relação ao acompanhamento de seus filhos em atividades sociais e educacionais, considerando que dão ênfase à educação enquanto ferramenta eficaz de libertação das amarras que mantém o indivíduo inerte frente às situações que não lhe são conveniente. Esse dado é de grande relevância social, por constituir-se no instrumento adequado à construção do desenvolvimento centrado não no capital, mas no ser humano.
Assim, pontua-se que a Pastoral da Criança na Comunidade São Marcos – Icuí-Guajará fundada a mais de oito anos, comera com alegria sua existência, passou por dificuldades, conflitos, que levou as líderes a se moverem em busca de alternativas de melhoria de vida para a comunidade.
É importante ressaltar que, com a experiência, a Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará tem demonstrado que é possível reduzir a mortalidade infantil e a desnutrição, desenvolver o potencial da criança, orientar a mulher, prevenir a marginalidade na família e, em consequência, nas comunidades e nas ruas, promover a fraternidade cristã, assim como a organização da comunidade, através do contínuo acompanhamento de seus agentes comunitários.
Nessa luta por um mundo melhor, por intermédio da ação social, a Pastoral da Criança da comunidade de São Marcos – Icuí-Guajará, em parceria com a Igreja Católica (Paróquia do bairro), vem atuando nas comunidades carentes com grande vulnerabilidade social, assumindo esse grande desafio no sentido de amenizar as desigualdades sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAPTISTA, M. V. A intervenção em rede: o que é e o que precisa ser Elementos para pensar propostas alternativas de prática junto ao adolescente com processo por prática infracional. Margem Revista de Trabajo Social. Buenos Aires, 2000.

BOFF, Clodovis. Teoria do método teológico. Petrópolis: Vozes, 1998.

BORGES, Elen. CONTRERAS, Humberto Silvano Herrera. TWARDOWSKY, Bruna Maria Semchechem. A LÍDER COMUNITÁRIA DA PASTORAL DA CRIANÇA COMO UMA EDUCADORA SOCIAL. XI Congresso Nacional de Educação – EDUCARE. Curitiba, 2013.

BOSCHETTI, I. et al. A execução orçamentária da Política de Assistência Social e dos programas para crianças e adolescentes. Serviço Social e Sociedade, São Paulo: Cortez, n. 85, p.71-97, 2006.

BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL (DE 22 DE SETEMBRO DE 1988) disponível em http://www.planalto.gov.br. Acessado em: 22 de dezembro de 2017.

CARDOSO, Ruth C. L. “Fortalecimento da sociedade civil”. Em IOSCHPE, Evelyn Berg (org.). 3º setor: desenvolvimento social sustentado. São Paulo/Rio de Janeiro: Gife/Paz e Terra, 1997.

CARDOSO, Ruth. Sustentabilidade, o desafio das políticas sociais no século 21. São Paulo em Perspectiva, Revista da Fundação Seade, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 27- 2004, abr./jun.

CNBB. Cartilhas de Pastoral Social. O QUE É PASTORAL SOCIAL? Nº1. 2001.
DIAS, Maria Berenice. As famílias de hoje. Disponível em: <http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=21>. Acesso em: 29.12.2017.

DESLANDES, Suely Ferreira. A construção do projeto de pesquisa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.); CRUZ NETO, Otávio; GOMES, Romeu. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 3. ed. Petrópolis: Vozes.

Maria Berenice. Manual de Direito das famílias. 6. ed. rev. Atual e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

FALCONER, André Pablo. A Promessa do Terceiro Setor: um Estudo sobre a Construção do Papel das Organizações sem fins lucrativos e do seu Campo de Gestão. São Paulo: Centro de Estudos em Administração do Terceiro Setor, 1999.

FALEIROS, V. P; FALEIROS, E.T. S (Coord.) Circuito e curtos-circuitos: atendimento, defesa e responsabilização do abuso sexual contra crianças e adolescentes. São Paulo: Veras Editora, 2001.

FERNANDES, Florestan. Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. São Paulo: Nacional e EDUSP,1973.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 13ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

KLIKSBERG, Bernardo. Por uma economia com face mais humana. Brasília: UNESCO,2003. Falácias e Mitos do Desenvolvimento Social. Brasília:  NESCO,2001.

LAURELL, A. C. (Org). Avançando em direção ao passado: a política social do neoliberalismo. In: Estado e Políticas sociais no neoliberalismo. 2.ed. São Paulo, SP: Cortez, p.151-78, 1995.

MARCONE. M. A; LAKATOS. E.M. Metodologia do Trabalho Cientifico. São Paulo: Atlas, 2001.

MARTINELLI, Maria L. Serviço Social: Identidade e Alienação. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

MARTINS, Marcos Francisco. Educação sócio comunitária em construção. 2012. Revista Histedbr. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/ edições/28/art08_28.pdf. Acesso em: 13 jan. 2016.

MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social; crítica ao padrão emergente de intervenção social. São Paulo: Cortez, 2002. 

NEUMANN, Zilda A. Depoimento: Zilda Arns Neumann: ela criou uma rede de solidariedade que salva centenas de milhares de crianças brasileiras. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2003.

PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium: A alegria do Evangelho. São Paulo: Paulus, 2013.

PASTORAL DA CRIANÇA, Guia do líder da Pastoral da Criança: para países de língua portuguesa. 17.ed. - Curitiba, 2017.

PASTORAL DA CRIANÇA. Guia do Líder da Pastoral da Criança. 10ª ed. revisada. Curitiba: 2007.
PASTORAL DA CRIANÇA. Guia do Líder da Pastoral da Criança. 10ª ed. revisada. Curitiba: 2012.
PASTORAL DA CRIANÇA: Dados de Abrangência da Pastoral da Criança no Brasil. Disponível em:<https://www.pastoraldacrianca.org.br/noticias-sobre-o-falecimento-da-dra-zilda/365-dados-de-abrangencia-da-pastoral-da-crianca-no-brasil>acesso em:  2017.

PETRINI, Carlos João. Pós-modernidade e Família: um itinerário de compreensão. Bauru. São Paulo: EDUSC, 2003.

RATTNER, Henrique. Sustentabilidade – uma visão humanista. Ambiente. Soc.,
Revista ACIM, nº 403, abril de 2001 – Publicação mensal da Associação Comercial e Industrial de Maringá.

SILVA, Claudia N. Assistência social e caridade: convergências e divergências. Seminário Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 26, p. 3-14, set. 2005.
TAVARES, Celma. Educar em direitos humanos, o desafio da formação dos educadores numa perspectiva interdisciplinar. In: SILVEIRA, Rosa M. G.; DIAS, Adelaide A.; FERREIRA, Lúcia de F. G. e outros. Educação em direitos humanos: fundamentos teórico-metodológicos. João Pessoa: Editora Universitária, 2007.

VAKIL, Anna C. London: Elsevier Science Ltd, v. 25, n12, p. 2057-2070, 1997.

XIMENES, Daniel de Aquino. Grupo de Estudo sobre política educacional e trabalho docente. Vulnerabilidade Social. Disponível em: <http://www.gestrado.org. Pg=dicionário-verbetes &id=235>. Acesso em: 01 set. 2015.

Comentários

Postagens mais visitadas