Sou Assistente Social, nossas bandeiras pulsam liberdade

 


O Serviço Social brasileiro possui um legado, construído por muitas gerações, de resistência ao conservadorismo, de repulsa a práticas autoritárias e fascistas, de luta contra os retrocessos, as contrarreformas e as retiradas de direitos. Essas batalhas cotidianas, realizadas em aliança com outros sujeitos históricos, possuem relação direta com nossos princípios e defesa da radicalidade democrática – seja com relação ao seu conteúdo, daquilo que defendemos, seja com relação à forma com que conduzimos as entidades do Serviço Social brasileiro. 

O Conjunto CFESS-CRESS, desde 2008 elege a cada triênio um tema geral para compor sua “Campanha de Gestão” – tema que acompanha atividades do Conjunto pelos três anos. No triênio 2023-2026, especificamente no 50º Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, ocorrido em setembro de 2023 em Brasília (DF), foi aprovada a deliberação que desenhou o tema da Campanha de Gestão: "Retratos de uma profissão para enfrentar o conservadorismo e o fascismo: a resistência cotidiana do Serviço Social na luta pela radicalidade democrática". 

A motivação geral do tema para a campanha se sustenta no atual contexto brasileiro (com influências globais também), em que as liberdades democráticas aparecem ameaçadas no contexto político geral, e requer um enfrentamento das forças políticas que se localizam, principalmente, no campo da “defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida”. De forma exemplar, como retratos do contexto brasileiro, de ameaça das liberdades democráticas e avanços de forças políticas que atuam na contramão dos direitos humanos, temos os ataques à liberdade de imprensa, sobretudo no período 2018-2022, que contribuíram para propagação de desinformações, constituindo uma cultura de acesso precário a informações e formação de opiniões políticas, no âmbito do senso comum, a partir de questionáveis fontes; ameaça de golpe de Estado, emblematicamente expresso no evento de 8 de janeiro de 2023; polarização política em face do avanço de ideias da extrema direita, que se contrapõe à diversidade humana por meio de violências políticas diversas (cassação de mandatos de parlamentares mulheres), perseguição a movimentos sociais (exemplo: CPI do MST), assassinatos de lideranças políticas (exemplo: Marielle, Bruno e Dom, Mãe Bernardette, dentre outros); retrocessos em pautas de avanços democráticos, como é caso da demarcação de terras indígenas, garantia do aborto legal, dentre outros. 

O Serviço Social brasileiro tem manifestação sobre essas questões e está sintonizado com os enfrentamentos desses retrocessos, que interferem na condição de vida e de trabalho da classe trabalhadora, em sua diversidade e heterogeneidade. Esses aspectos confrontam os princípios ético-políticos da profissão e precisam de uma resposta coletiva de enfrentamento e de contraposição. 

Assim, a campanha tem como foco o quanto o Serviço Social, na pluralidade de retratos que o representa, enfrentando as ameaças às liberdades democráticas e, também, como produto de um mesmo processo, é impactado pelos ataques e retrocessos vivenciados na sociedade. Temos mais um marco para nos posicionarmos, afirmar que nossa profissão é necessária para o Brasil, nessa perspectiva que fortalece a radicalidade democrática em direção à emancipação humana! 

A democracia é prática, é exercício e se materializa no cotidiano do Serviço Social brasileiro, na medida em que se apresenta nos espaços deliberativos da categoria (assembleias, encontro nacional, eleições, dentre outros), quando sustenta a luta por ampliação de direitos para todas as pessoas e, também, quando denuncia as desigualdades existentes na sociedade capitalista, que colocam limites ao exercício da vida-liberdade. 

A campanha de gestão ficará organizada em três ações, organizadas entre os seguintes assuntos: 1) Democracia interna e organização política do Conjunto CFESS-CRESS; 2) Participação social e luta por direitos; 3) Enfrentamento das violências e do autoritarismo. 

Nesse triênio que contempla os 45 anos do Congresso da Virada (1979) e os 90 anos do Serviço Social brasileiro, reafirmamos nossas escolhas éticas cotidianas, nas quais desejamos que nossas bandeiras pulsem liberdade! 




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